sexta-feira, 3 de julho de 2009

Canada Day em Ottawa

Eu já tinha feito planos de ir no Velho Porto de Montréal para as celebrações do primeiro de julho. O lance é que várias pessoas me disseram que o Canada Day aqui em Montréal é bem apagado, então comecei a pensar na Capital Federal... Mandei uma mensagem para Candace falando que estava em dúvida e só recebi um YOU MUST GO!!! como resposta. Tá bom, ordem é ordem.

Na quarta-feira saí cedinho de Montréal, o Rodrigo foi comigo. 6:30 já estava na rodoviária comprando a passagem para Ottawa. A Station Centrale d'Autobus de Montréal é acessível a partir da estação Berri-UQAM, ou seja, é só subir a escada rolante que você cai dentro da rodô (e isso faz toda diferença no inverno). De lá saem ônibus para New York, Ottawa, Québec City, Laval, Sherbrook e um monte de outras cidades do Québec.

Uma coisa que me chamou a atenção é que a passagem para Ottawa não tem horário nem poltrona marcada, ou seja, você compra a passagem e vai correndo para a fila que se forma na plataforma. Se o busão lotou azar o seu, vai no próximo. Não sei se funciona assim para as outras cidades.

O ônibus era bem zuado, nada confortável. Mas como na noite anterior eu fui dormir umas 2:30 da manhã (fui ver o show de Stevie Wonder no Festival de Jazz de Montréal), eu estava com tanto sono que fui dormindo a viagem toda. Ahh, são mais ou menos duas horas de Montréal para Ottawa. É ali. Um tirinho de espingarda. E a passagem 68 doletas ida e volta. Pois é, absurdo. Mas o dinheiro valeu muito a pena porque Ottawa é, sem sombra de dúvidas, o lugar mais bonito que eu já visitei. Tá, eu me impressiono com pouca coisa, mas confia em mim, Ottawa é muito linda, deixa Montréal no chinelo.

Assim que chegamos (umas nove e meia) fomos direto para a colina do parlamento. A cerimonia começou umas dez, primeiro com o hasteamento da bandeira, depois a troca de guarda, depois o pessoal da polícia montada, resumindo bem o que aconteceu, o primeiro ministro passou cumprimentando todo mundo que estava próximo à grade de segurança, e eu tava lá, não acreditei quando ele apertou a minha mão e falou "Happy Canada [Day]!", na verdade não sabia se filmava, se tirava foto, se apertava a mão, foi muito legal. Depois a esposa dele passou entregando uns pins com a bandeira do Canada e eu só pensei "mais um para a minha coleção". Logo depois, Michaëlle Jean, a governadora-geral, representante da rainha Elisabeth II, passou a tropa em revista.



Depois da cerimonia começou o show no palco principal com vários artistas canadenses. Tava muito massa e eu só pensava "pqp, os quebequenses têm que aprender muito ainda, se eles fizessem 1% disso aqui no 24 de junho, já tava uma maravilha". A música não parava, quase nenhuma fumaça de cigarro, clima muito bom, tanto que eu nem pensei em cerveja. Fomos dar uma volta pelas ruas próximas ao parlamento e cada vez ia me apaixonando mais pela cidade. Várias vezes passou pela minha cabeça (e ainda passa) de mudar para Ottawa. Meu namoro com a cidade foi até umas 19 horas quando pegamos o ônibus de volta para Montréal.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Saskatchewan: A Queda

Eu tava preparando uma série de posts e vídeos sobre Saskatchewan, mas como a miséria dos outros (minha no caso) dá mais ibope, resolvi atender ao milhares de pedidos que chegavam por e-mail, twitter, orkut, facebook, carta, telefone, telegrama, fax e telégrafo e postar o vídeo.

De Mennon

Local da queda: norte de Saskatoon, mas precisamente em Mennon, 52°26'03.57"N 106°47'47.67"W.

Ainda to com o dedo inchado e o torax doendo. Haha, depois da queda voltei pra casa com Candace e a gente começou a assistir The Office, tive que pedir pra ela desligar porque toda vez que eu ria doia tudo por dentro, a gente tava assistindo um dos melhores episódios da série.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

La Fête Nationale du Québec à Montréal

Pois é, enquanto os canadenses festejam sua independência só na próxima semana, os quebequenses passam na frente e festejam hoje a Fête Nationale du Québec. O 'Nationale' não tem nada a ver com o Canadá, mas sim com o Québec nação. Hoje é pecado usar vermelho, fazer qualquer referência à folha de bordo ou falar inglês. Hoje é dia de azul e branco, da flor de liz e de falar francês.

Eu fui ver o desfile dos gigantes na rua Sherbrook com o Juan-David. Taí algumas imagens do desfile.



Eu tinha pensado em ir direto pro parque Maisonneuve assim que terminasse o desfile, mas como ainda era cedo resolvi ir pra casa tomar um banhozinho, e voltar pro show mais tarde. Eu tava bem animado porque na programação do show tinha Ariane Moffatt e Karkwa. Mas foi bem decepicionante. Primeiro, 330 ml de cerveja 5 doletas, eu comprei um copinho só pra tirar uma ondazinha, depois multipliquei por 1,8 aí deu uma dor no coração (não podia entrar no parque com bebida).


Segundo, bateu a fome, daí fui numa barraquinha com uma placa 'Super Jumbo Hot Dog', 3 doletas, pedi um. Pão, salsicha assada, só, nem molho. É pão e salsicha, algo que no Brasil você não pagaria 50 centavos. Terceiro, cigarro, fumaça interminável, não tinha como fugir, todo mundo fumando, tava sufocado. Quarto, bando de bêbados separatistas que só faziam gritar "Vive le Québec libre" e achavam isso bem divertido. Quinto, muita politicagem e pouca diversão, pior que comício no Brasil, porque no comício depois que o político fala o show come solto, aqui, era uma musiquinha, uma mensagem de cunho separatista, uma exortação, patrocinadores, blá blá blá, mensagem de cunho separatista, uma exortação, uma musiquinha. Sexto, o show dos artistas não era separado, fizeram um revezamento. Mas o mar azul e branco era bonito de ser ver.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Back from Saskatchewan

Cheguei de Saskatchewan ontem. Vou precisar de tempo para contar tudo, vou precisar de outros posts. Aprendi a falar "Saskatchewan". Tomei uma queda felomenal nas planícies verdejantes, alguns hematomas, alguns ossos ainda doendo, mas sobrevivi. Tá eu sou muito boça por cair de um quadriciclo ("Mêeo cair de quadriciclo é pior que cair de bicicleta de rodinhas mêêo"), talvez mais ainda por filmar a queda (videos coming soon).

De Mennon

Trouxe um monte de souvenirs de Rouleau, mais conhecida como Dog River.

De Rouleau (Dog River)

E pra quem não conhece o seriado Corner Gas, orgulho de todo e qualquer habitante de Saskatchewan:



Amanhã é a Fête Nationale, alguns eventos estão acontecendo desde hoje, mas eu peguei o dia pra ficar em casa, limpar a caixa de entrada, mandar mais alguns CVs (porque meus dias de turista estão contados). Amanhã vou dar uma olhada no desfile na rua Sherbrook e depois vou ficar pro show no parque Maisonneuve. Vai ter La Bottine Souriante, Arianne Moffatt, Karkwa, Éric Lapointe... Mas não vou poder encher a cara porque não pode entrar com bebida alcólica. :)

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Sétimo dia

Hoje fui testar o cartão magnético temporário que o pessoal do RBC me deu e não estava funcionando. Fui na agência e na mesma hora trocaram pra mim. Ainda bem que eu testei antes, eu ficaria muito p. se fosse pagar alguma coisa e o cartão não funcionasse.

Também como não poderia faltar o passeio do dia, fui no Oratoire Saint Joseph. Outro ponto turístico que fica pertinho da minha casa. Não vou descrever o passeio em detalhes, melhor assistir o vídeo abaixo.



Bem, acho que hoje é o último dia dos posts diários. Vou começar a postar aleatoriamente, pelo menos uma vez por semana, depois uma vez por mês, depois a cada três meses e depois nunca, não necessariamente nessa ordem.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Joyeux anniversaire, joyeux anniversaire...

Pois é, primeiro aniversário em terras geladas, nem preciso dizer como é ruim passar o aniversário longe da família e de amigos, mas essa falta está sendo de alguma forma compensada pelas coisas novas que eu tenho vivido por aqui. Hoje decidi me dar de presente um feijãozinho bem gostoso pois ultimamente tenho me sentido bem fraquinho. Se continuar comendo comida congelada vou acabar ficando doente.

O título desse post bem que poderia ser "em busca da calabresa e do bacon perdido". Eu queria encontrar esses items aqui perto de casa, daí pensei que se eu fosse num supermercado bem grande, tipo Walmart, talvez tivesse algum sucesso. Comecei a analisar toda a extensão da avenida principal aqui do bairro pelo Google Maps e acabei notando uma formação que parecia um supermercado grande ou um shopping. Fui até lá e se tratava do Maxi & Cia. Era realmente grande e eu vi uma novidade: caixas self service, o próprio cliente passava as compras e depois pagava. A primeira coisa que eu pensei foi: "aahhh isso no Brasil..." Rodei o supermercado todo e naaaaada, só bacon fatiado. Resolvi ir no Walmart, tive até que pegar o metrô até a estação Namur pois o mais próximo aqui de casa ficava lá, rue Jean-Talon, perto do hipódromo. Achei esse Walmart diferente dos que a gente tem no Brasil, a parte de comida ocupava só uns 10% do espaço, o resto eram quinquilharias, ferramentas, roupas, eletrônicos, utilidades domésticas. Também não encontrei o que eu estava procurando. Resolvi voltar pra CDN e usar minha criatividade para substituir os items. Fui no supermercado perto de casa (onde eu tinha comprado o feijão preto) e comprei uma linguiça do tipo "Italian". Como calabresa vem de Calábria e a Calábria fica na Itália achei que essa seria a substituição mais aproximada. Próximo aos cortes de carne suína eu avistei algo parecido com bacon, era toucinho fresco, como a diferença para toucinho defumado é de apenas uma palavra achei que essa seria a substituição mais aproximada.

Cheguei em casa já passava do meio dia. Coloquei o feijão no fogo. Enquanto isso fui refogando bem o toucinho pra ele não ficar cru e a linguiça eu tive que colocar um tempo no microondas pois ela crua não dava pra cortar em pedaços. Quando os grãos estavam mole misturei tudo e no final o resultado me surpreendeu. Ficou muuuuito bom. Eu classifiquei esse feijão como um marco na minha capacidade de adaptação em solo canadense. Eu fui almoçar quase umas 4 horas da tarde, mas eu fiz feijão para a semana toda, é só colocar no microondas, fazer um arrozinho e pronto, nunca mais passo fome.



Acabei de me dar de presente uma passagem pra Saskatoon. Tô indo visitar uma amiga que eu conheço há 10 anos. Essa é a primeira vez que vamos nos ver pessoalmente. Também acabei de falar com a minha família pelo Skype, eles fizeram um bolo de aniversário e cantamos parabéns com direito a fogos de atifício e tudo. :)

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Quinto dia

Na lista dos cursos de francês tinha um quase em frente daqui de casa, mas não tinha aulas à noite. Eu costumo render melhor à noite e caso começe a trabalhar posso continuar com o curso. O mais perto que eu encontrei à noite foi em Mountain-Sights. Cinco dias aqui e já me sinto seguro para ir pra qualquer canto, sem falar que pra Montreal o Google Maps já disponibiliza rotas utilizando transporte público, show demais, tem até os horários.

Peguei o metrô e desci na estação Namur, o centro de apoio ficava na rue Paré, perto do hipódromo. Conversei com o carinha que estava atendendo e ele disse que não estavam mais inscrevendo ninguém, as aulas à noite eram para quem já estava fazendo desde o trimestre passado, mas ele pediu que eu ligasse dia 15 que ele iria falar com a professora.

Voltei no RBC para solicitar o meu cartão de crédito. Não pude fazer isso ontem porque tinha que esperar os travellers cheques serem creditados na minha conta para então transferir algum dinheiro para uma aplicação que o banco pode usar caso eu dê calote e não pague a fatura do cartão. O Omar já tinha separado um horário para mim.

Eu notei que aqui no canada os serviços bancários são bem simplificados para não dizer arcaicos. Enquanto no Brasil a gente tem transferência, TED, DOC, pagamento de boleto, pagamento de título de concessionária, carga de celular, aqui é só transferência. Enquanto no Brasil a gente tem dezenas de opções de fundos de investimento aqui tem só "saving account" com algumas opções tipo "day to day", "enhanced", ou "high interest" dependendo de quanto você vai investir. Enquanto no Brasil tem um monte de segurança no site, teclado virtual, senha de número, senha de letra, código de segurança pelo celular, aqui é só a senha mesmo.

Voltei para casa e fui almoçar comida congelada, eca, e depois do almoço, dando continuidade à minha semana de turista resolvi ir no Parc du Mont-Royal. Pelo o que eu já tinha observado ele fica perto de CDN, cheguei até a fazer um rota a pé no Google Maps, mas não tinha certeza se o caminho era todo "andável", sei lá, poderia passar por alguma highway, então resolvi pegar um busão que pra minha surpresa não entrou onde eu esperava que ele entrasse, ele foi direto para o centro. Não me desesperei pois eu tinha o passe mensal comigo. Esperei o momento oportuno e quando a maioria do pessoal que estava no ônibus desceu, eu desci junto, isso era sinal de algum grande ponto de referência por perto, e como esperado, a estação Guy/Concordia estava na minha frente. Desci, fui até a estação Mont-Royal e depois peguei a linha 11 para a montanha, ou seja dei uma volta pela cidade toda pra chegar num lugar que é do lado da minha casa.

O Parc du Mont-Royal é mais outro lugar de embasbacamento. Cheguei pela entrada do lago dos castores, mais à frente tinha um monte de gente estirada na grama, aproveitando o sol. Subi a montanha, sempre pela trilha maior e seguindo as indicações de placas, andei, andei, andei, até encontrar... o chalet e o belvédère, de onde dá pra ter uma visão magnífica de toda Montreal, do centro da cidade até o rio São Lourenço e periferias, e depois de retomar a consciência continuei andando até encontrar a cruz do Mont-Royal. Voltei para o chalet e liguei pra casa, eu tinha que compartilhar com alguém o que eu estava vendo e sentindo, falei um bom tempo com meu pai e minha mãe. Comprei um suco de laranja no chalet e fui para o belvédère descansar um pouco (acho que já tinha andado uns 4 km), apreciar a paisagem e criar coragem para deixar aquele lugar perfeito e voltar para Côte-des-Neiges. O que ajudou foi o fato de também estar apaixonado por Côte-des-Neiges.



Resolvi voltar andando, era só descida mesmo. Passei pelo cemitério Mont-Royal, depois pelo cemitério Côte-des-Neiges, e a única coisa que me vinha à cabeça era "pqp, por que os cemitérios têm que ser tão lindos também, o pessoal que mora neles já morreu mesmo...". Eu queria passear um pouco pelo cemitério mas estava fechado, então continuei andando e cheguei em CDN em 30 minutos no máximo, pertinho, agora sempre quando eu quiser ir no Parc eu vou andando mesmo.

Assim que cheguei em CDN resolvi dar um basta na minha precariedade alimentícia. Fui direto no supermercado e consegui encontrar feijão preto, $ 2.69 900g, não sei porque eles não colocam um quilo logo. Fiquei de queixo caído quando descobri que eles não tinham calabresa. Pôxa eu nem tava querendo paio, era uma simples calabesa que você encontra em qualquer esquina no Brasil. Aqui eles têm todos os embutidos do mundo, menos calabresa. Tem até uns embutidos bem artificiais sabor cheddar, chippotle, brisa da manhã defumada com prazeres do outono ao molho barbecue e por aí vai. Bacon, impossível de encontrar peça inteira, eles vendem só fatiado, nem cubinhos tem, só fatiado, e não adianta chorar, pra eles o bacon já sai do porco fatiado, eu cheguei a perguntar pra um funcionário e ele disse que nunca viu peça grande de bacon na vida dele. Eu não tava querendo fazer uma feijoada, só colocar as duas carnes que eu mais gosto no feijão. Deixei prá lá e levei só o feijão pra casa. Como não tenho panela de pressão, vou deixar de molho de hoje para amanhã e amanhã coninuar a minha busca. Vamos ver o que eu consigo encontrar.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Quarto dia

Hoje acordei umas 7:30, tomei meu café da manhã e saí de casa umas 7:45, tinha que estar na estação Place-des-Arts no máximo umas 8:25. Estava arriscando pois não fazia idéia de quanto tempo levaria, mas acabei chegando 5 minutos antes do que estava planejando, o escritório nem tinha aberto ainda.

Fui atendido pela Azucena Rios que verificou meus documentos, e foi passando comigo por um checklist imenso. Foi tanta informação que eu fiquei com dor de cabeça. Como a francisação só vai começar em agosto, eu posso me inscrever num curso a tempo parcial oferecido por um dos muitos organismos de apoio ao imigrante (ela me deu uma lista para escolher o mais perto daqui de casa). Ela marcou uma entrevista na próxima semana para verificarem o meu CV e passarem mais informações sobre adaptação ao mercado de trabalho canadense. Ela me deu uma pasta com um formulário e informações para solicitar a análise comparativa dos meus estudos. Mesmo tendo que gastar com tradução de diploma e histórico escolar acho que vou ter que fazer isso pois eu já vi alguns anúncios de emprego solicitando essa análise. Ela me passou um formulário para solcitar a devolução da TPS. Isso é possível apenas no ano em que você se torna residente permanente. O governo canadense, com base nos seus rendimentos, faz uma estimativa de quanto você vai pagar de TPS e deposita esse valor na sua conta corrente. Ela falou rápido sobre as quatro universidades de Montreal, falou um pouco sobre empréstimos e ajuda financeira oferecidos pelo governo e disse que eu poderia me informar melhor na entrevista da próxima semana.

Saí do escritório de imigração e fui direto para casa almoçar. Confesso que já estou de saco cheio de comida congelada. Eu como e continuo com fome. Pra falar a verdade eu estou com fome desde quando cheguei aqui no Canada. Os supermercados aqui têm tudo, mas ao mesmo tempo nada do que eu quero.

Como já estava decidido a abrir a conta corrente no RBC coloquei meus troubleleus cheques na mochila e desci a Côte-des-Neiges. Chegando lá falei na recepção que queria abrir uma conta e o pessoal foi super legal, ambiente muito bom, me senti em casa. Fui atendido pelo Omar Lachheb, gente finíssima, ele foi montando pra mim um portfolio de serviços sempre tendo como objetivo não pagar nada de manutenção de conta, etc. Na maioria dos bancos no Canada você tem que deixar um saldo mínimo em conta para não descontarem a taxa de manutenção, no RBC você tem que ter no mínimo dois serviços além da sua conta corrente, no meu caso uma poupança e um cartão de crédito Visa. Para o cartão de crédito, como ainda eu não tenho um histórico de crédito no Canada, eu deveria deixar um depósito de segurança no valor que eu quisesse ter de limite, no final de um ano o banco devolve esse dinheiro. Como ainda tinha que depositar os travellers cheques, e ia demorar muito, o Omar me passou para outra funcionária. O problema dos meus troubleleus cheques é que no Brasil quando eu fui comprá-los no Citibank, eu não liguei antes avisando, então me deram um monte de notas de $ 20, $ 50, e eu tive que assinar todas, duas vezes, uma no Brasil e outra no Canada. Eu passei quase uma hora assinando tudo, enquanto isso trocava uma idéia com a funcionária sortuda que estava me atendendo. Melissa o nome dela, os pais são colombianos mas ela nasceu no Canada. Ela me deu um cartão magnético temporário caso eu quisesse fazer alguma operação.

De Montreal - Primeira Semana

Depósito feito. Desci mais ainda a Côte-des-Neiges até um shopping onde segundo as minhas pesquisas de ontem, tinha um loja da Fido. Assim que eu entrei fiquei maravilhado. Não, o shopping não era bonito, era até meio trash, mas eu encontrei o que estava procurando desde quando cheguei aqui no Canada: preços baixos e ambiente popular, me senti em casa. Tem uma loja Dollarama imensa e mais outras três similares. Dollarama é o que no Brasil a gente chama de loja de 1,99. Essa que eu vi nesse shopping tinha de tudo, tudo mesmo. E o povo que frequenta esse tipo de loja é bem diferente, puxaram conversa umas duas vezes comigo. A primeira era uma americana que chegou falando, "ahh as lojas de 1 dolar nos EUA são bem maiores e melhores", depois que eu disse que era do Brasil ela disse que tinha passado uma semana lá e perguntou se eu tinha trazido produtos para vender :S ela tava querendo café e alicate de unha :S O outro foi um vozinho que passou assoviando, aí ele disse "não sei porque estou assoviando... você sabe assoviar?", eu disse que sabia, ele pediu pra ver, dai eu tentei assoviar "segura o tchan" mas eu comecei a rir da situação, daí ele ficou rindo da minha cara falando que eu não sabia. Tinha também um monte de mães histéricas com três, cinco filhos, gritando "Fulaaaaaano venez-ici! Fulaaaaano fais-pas ça!" A visita no Dollarama foi realmente fora do comum, algo que eu não sonhava encontrar aqui no Canada. Depois entrei numa loja chamada Fripe-prix. Eles vendem roupas e acessórios usados, até coisas de casa, os preços muito bons e sem cobrar TVQ nem TPS.

De Montreal - Primeira Semana

Fui no quiosque da Fido e fui direto no celular e no plano que eu tava querendo contratar. O celular saiu por $ 10,00 (com contrato de dois anos) e o plano que eu contratei foi o de $ 20,00, 50 minutos por mês, noites e finais de semana ilimitados e dependendo da necessidade eu posso mudar o plano mais pra frente.

Pra finalisar passei na praça de alimentação e comi um tal de General Tso num restaurante tailandês. Muito bom, to cheio até agora.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Terceiro dia

Hoje saí cedo de casa e como meus lábios estavam rachando resolvi passar na Dollarthèque pra ver se conseguia encontrar algo similar a manteiga de cacau. Perguntei pra moça do caixa em francês, inglês e mimiquês: "je cherche ce qu'en anglais on apelle lips moisturizer". Ela não entendeu então eu fiz a mímica e partindo do suposto que eu não sou drag queen nem travesti ela entendeu o que eu quis dizer. Li na embalagem que a parada chama "baume pour les lèvres". Vocabulário novo aprendido. Como ia andar bastante no centro, entrei na Pharmaprix pra comprar um mapa de Montreal.

Peguei o metrô e desci na estação Place-des-Arts. Assim que saí olhei para o lado e vi um prédio com uma bandeira do Québec. Fui até lá, vi que se tratava do prédio do ministério de imigração e fui direto no quarto andar como dizia no guia de boas vindas. Cheguei no guichê, expliquei que tinha chegado no sábado em Toronto e que precisava de informações gerais sobre documentos e os próximos passos. O cara olhou pra mim e disse: "vous êtes brésilien, n'est-ce pas?", disse que sim, ele sorriu e me deu uma senha. Enquanto estava aguardando comecei a procurar alguma coisa em mim que denunciasse minha nacionalidade, não consegui achar nada, não estava de havaianas, nem com a camisa da seleção, nem cheguei fazendo baderna, acabei por concluir que foi a minha cara que me denunciou.

O painél me chamou, o rapaz que me atendeu perguntou se eu já tinha mudado definitivamente para Montreal ou se ainda voltava para o Brasil. Eu disse que estava mudando em definitivo, então ele entrou com algumas informações no computador, provavelmente confirmando o meu estabelecimento na cidade e me deu um novo número de dossiê. Em seguida ele me deu os endereços e disse quais documentos eu precisava para tirar o número de seguro social e a carteirinha de saúde. Ele marcou para amanhã às 8:30 uma entrevista com uma agente de acolhimento que vai me passar mais informações. Ele também me deu um formulário para solicitação do curso de francês (que só vai começar em agosto) e disse que eu poderia trazer amanhã e entregar para agente de acolhimento.

Saí do prédio do ministério e fui direto atrás do prédio da Régie de l'assurance maladie que ficava numa rua transversal, boulevard Maisonneuve. Avistei a bandeirinha e fui direto lá. Cheguei no terceiro andar e entrei logo na fila de triagem, olhei para o cara na minha frente e vi que ele tinha cara de brasileiro, pois é, dá pra ver pela cara mesmo. Esperei mais um pouco tentando identificar algum outro sinal então vi o passaporte dele dentro de uma pasta transparente, então fui falando logo "cê é brasileiro, né?" A gente trocou cumprimentos e ficamos conversando enquanto esperávamos a senha no painel. Ele foi chamado primeiro, e eu logo depois. Assim que cheguei o atendente perguntou se eu queria ser atendido em inglês ou francês. Pedi francês contanto que eles falasse devagar, e brinquei falando da impressão/choque que eu tive com o francês falado nas ruas por aqui. Ele concordou e seguiu com algumas perguntas. No final das contas ficou faltando um comprovante de endereço, que poderia ser o contrato de aluguei que eu supostamente teria assinado. Respondi que estava sublocando um quarto por dois meses e que não tinha um contrato. Ele então me deu outras opções incluindo uma declaração da dona da casa, de que eu realmente moro no endereço que eu forneci, assinada na frente de um "commissaire à l'assermentation", então vou ter que correr atrás disso nos próximos dias, mas me deram 45 dias pra resolver esse pendência e mandar por fax. Voltei para a fila, agora para tirar a foto, e o Rodrigo estava lá também esperando, como já passava do meio dia combinamos de almoçar em algum lugar por perto. Fui chamado para a foto e tive que pagar oito doletas. Fiquei tentado em perguntar se a 3x4 que eu tirei recentemente no Brasil não valia, mas como a foto era algo oficial e todo mundo estava tirando então nem perguntei.

Assim que deixamos o prédio fomos andando pela Saint-Catherine, passamos na frente de alguns restaurantes mas ficamos em dúvida se tinha que dar tip ou não, ouvi falar que aqui no Canadá é 15%, fora isso tem a TPS e a TVQ, ixi, deixa pra lá. Encontramos uma lanchonete tipo Subway, chamada Quiznos Sub.


Escolhi um sanduiche, o carinha que estava atendendo perguntou alguma coisa que eu não entendi, daí percebi que ele tava querendo que eu escolhesse o pão, vi que ele estava apontando pra um pão aí eu falei "oui, oui, oui c'est bon cella", nem fazia idéia do que era, depois ele perguntou outra coisa, também não entendi, ele repetiu umas três vezes, daí a colega dele interviu e perguntou em inglês "here or to go?", eu disse que era pra comer aqui, daí pra frente foi tudo em inglês mesmo, ufa. Pedir o combo com refri e cookie é bom, foi o que eu fiz. Tinha honey mustard de grátis então me entupi de mostarda e se eu tivesse um tapoézinho comigo ainda levava pra casa. Tudo deu $ 8.98, mais TPS e TVQ $ 1.16, totalizando $10.14. Não vamos converter pois como dizem os guias de turismo e ateus de plantão: "quem converte não se diverte".

Depois do almoço fomos andando pelo boulevard Maisonneuve, o Rodrigo já tinha tirado o NAS, mas ele me acompanhou até o prédio do Services Canada. Aqui foi rapidinho, algumas perguntas e eu já saí com o meu número, vapt e vupt, sem foto, sem pagar nada. Entramos na estação Berri-UQAM, ele desceu em Vendôme e eu fui até Snowdon e depois CDN.

Quando cheguei em CDN lembrei que tinha que acordar cedo amanhã, então fui numa loja tipo Dollarama pra ver se conseguia comprar um despertador e também estava precisando de cabides (não foi na mesma que eu fui hoje cedo, foi outra). Na hora faltou vocabulário pra cabide então eu perguntei pra moça em inglês mesmo, e ela não falava nada em inglês, daí eu fui fazendo mímica e tentando explicar em francês, daí ela captou minha mensagem e falou "ahh, cintres!". Vocabulário novo aprendido. Fui vendo o preço dos despertadores, só tinha caro, digital, com termômetro, acabei por comprar um de $ 7 pois as lojas já estavam fechando e eu não queria chegar atrasado e passar uma impressão ruim para a agente de imigração amanhã.

Hoje a noite Lara e Juan David estavam por aqui. Conversamos bastante sobre um monte de coisas, sobre Montreal, sobre línguas, similaridades entre o espanhou e o português. Lara falou que o indonésio era parecido com o malaio também, tanto que um indonésio consegue entender malaio e o contrário só se o indonésio falar devagar.

Aproveitei para perguntar sobre bancos e telefones celulares. Lara recomendou o RBC, disse que o pessoal da agência é bem amigável. Pelas minhas pesquisas na internet eu já estava inclinado a abrir uma conta no RBC, então amanhã vou dar uma passadinha lá. Quanto ao telefone acho que eu vou pegar um Fido, achei os preços melhores e os planos simples de entender, a página deles é enxuta também. As páginas da Tellus, Rogers, Bell são bem confusas, não consegui encontrar o que eu estava querendo saber. Andei pesquisando em fóruns, no passado o pessoal dizia que a cobertura do Fido era bem restrita, nas mensagens mais recentes eu vi que a Rogers adiquiriu a Fido, então a Fido passou a usar a rede de cobertura da Rogers (que é muito boa). E como eu não vou pro mato, não preciso muito de cobertura, só de um número com caixa de mensagem de voz pra começar a procurar emprego.

domingo, 31 de maio de 2009

Segundo dia

Hoje logo cedo fui na Pharmaprix pra comprar o passe mensal. Acho que a Pharmaprix é uma farmácia, mas ela parece mais supermercado. Pra falar a verdade nunca vi remédio nenhum na Pharmaprix, nem aspirina, nem vitamina C, nem band-aid... Eles devem ficar escondidos num compartimento secreto, longe dos hipocondríacos e suicidadas canadenses. Se alguém conhecer o segredo da Pharmaprix me avisa por favor. Tem uma outra rede de farmácias chamada Jean-Coutu, depois vou dar uma passadinha lá pra ver se eu consigo encontrar algum remédio, vai que eu precise algum dia desses... Voltando ao passe, como ainda não tinha o cartãozinho tive que comprar por $ 3.50, mais a carga mensal ficou em $ 72.00. Ou sejá, é só $ 68.50 que se paga por mês pra ir pra qualquer buraco de Montreal, a hora que quiser, quantas vezes quiser, de ônibus ou de metro.


Estava bem tranquilo em casa quando a Lara me disse que hoje era o dia do museu e que eu podia entrar de graça em todos os museus da cidade. Como ela não ia sair hoje e a mãe dela já tinha ido embora, ela me ofereceu o passe semanal que ela tinha comprado pra mãe, pois o meu só funciona a partir de amanhã. Ela sugeriu o Biodôme, um museu que reproduz quatro ecossistemas encontrados nas Américas: floresta tropical, floresta laurentiana, ecossitema marinho do São Lourenço e o polar. Calcei meu tênis e rumei para a estação Vieau. Quando eu saí de casa eram umas 2 da tarde e não estava frio, mas quando eu cheguei no Biodôme o tempo fechou, a temperatura caiu e a galera que estava na fila só de moleton passou frio (eu no meio).

Por falar em fila, essa estava imensa, o pessoal estava aproveitando pois nos dias normais a entrada é $ 16. A fila dava voltas, mas andava rápido. Na minha frente tinha um casal anglófono que fazia questão de manter meio metro de distância do pessoal da frente e eu fazia o mesmo. Atrás de mim tinha um casal quebecois que estava praticamente respirando no meu cangote. Eu não entendia nada do que eles falavam, era só "pi blá blá blá, pi tabarnak, ta geule, tabarnouche, pi osti de coliss". Mas o que mais tinha na fila era chinês.

Assim que entramos passamos pela floresta tropical. Dava pra sentir o clima, a humidade do ar. Tinha um monte de espécies de micos, macacos, jacaré e aves. Depois passamos pela floresta laurentiana, com várias espécies de árvores caducifólias, castor, patos, etc, etc. Despois passamos por uns aquarios mostrando o ecossistema marinho do São Lourenço e o ecossitema polar. O que mais me impressionou no Biodôme foi o seu exterior. A arquitetura no museu é muito linda.

Na saída passei na lojinha pra comprar um chaveiro e um moleton do Canada. Fora os postais da noite anterior, ainda não tinha comprado nada para satisfazer meu embasbacamento de turista de primeira viagem. E como a condição de turista vai durar por pouco tempo e logo logo vou ter que procurar emprego, a compra foi justificável.



Saí correndo pre ver se pegava mais algum museu aberto. Peguei o metrô e desci na estação Guy-Concordia. Subi até a Sherbrook Ouest mas o museu de belas artes já estava fechado. Andei pelas redondezas, várias casas e lojinhas no estilo vitoriano. A maioria das casas eram repúblicas do pessoal da Universidade de Concórdia. Voltei na estação e fui embora para casa.

De Montreal - Primeira Semana

Quando cheguei em Côte-des-Neiges, CDN daqui pra frente, voltei na Pharmaprix e comprei algumas coisinhas, incluindo aquele que viria a ser o sorvete mais gostoso que eu já comi em toda minha vida. Dizem que Häagen-Dazs é bom, mas nunca tive "coragem financeira" para comprar. A marca do sorvete era Breyers Skor e estava em promoção de $ 7 por $ 3 o pote de um litro e meio. Quando eu cheguei em casa e experimentei, não pude acreditar no meu paladar.


Ás vezes eu avalio como muito positiva a experiência de ter nascido pobre num país de terceiro mundo. É preciso de muito pouca coisa pra me impressionar, me sentir feliz e realizado. Por exemplo hoje, poderia ser classificado como um dos melhores dias da minha vida, ontem também foi, e acho que essa semana ainda promete. Amanhã eu começo a correr atrás das burocracias: dar entrada no ministério de imigração, número de seguro social, carteirinha de saúde, curso de francês, etc, etc.

sábado, 30 de maio de 2009

Primeiro dia

Ontem no aeroporto de Guarulhos foi tudo tranquilo, não tinha fila no balcão da Air Canada, cheguei e já fui atendido. Foi tudo tão simples, rápido e descontraído que parecia check-in de voo doméstico. Falo isso porque o ano passado, quando fui levar minha irmã no aeroporto, acompanhei todo o processo de check-in dela na American Airlines e foi assustador, funcionários frios, clima tenso, muitas perguntas, checagem e rechecagem de visto. Acho que o pessoal da Air Canada nem olhou meu visto. Fui pra sala de embarque umas 19:10. Assim que me sentei notei as moças do meu lado falando francês e eu sem entender nada, bateu um desespero, mas eu pensei 'deve ser por causa da ansiedade'. Na minha frente tinha um grupo que provavelmente estava indo para algum congresso de veterinária porque eles carregavam uns painéis e ouvi palavras-chave tipo 'Purina', 'Bayer'...

O voo saiu na hora, minha poltrona era a 12H, escolheram pra mim, eu tinha pensado em ligar pra pegar uma poltrona no fundão (dizem que as chances de sobrevivência no caso de acidentes aéreos são maiores), mas não tive tempo e acabei esquecendo, por fim, pra minha surpresa, tinha um espaço enorme na frente porque essa era a primeira fileira de poltronas depois da classe executiva. Assim que o avião decolou a aeromoça passou oferecendo 'National Post' ou 'La Presse', eu pedi 'La Presse' ela respondeu alguma coisa que eu não entendi e eu só falei 'Ooooui!', na hora eu lembrei do filme do Mr. Bean e comecei a rir, ela foi em algum lugar depois trouxe o jornal pra mim. O cara que sentou do meu lado não era de muita conversa, assim que chegou ele colocou o fone de ouvido e virou pro lado como um sinal claro de 'não me incomode'. Na televisãozinha escolhi um programa sobre a crise financeira e depois um filme de um moleque amish que testemunha um crime daí o policial encarregado do caso acaba tendo que viver entre os amish, não sei do final porque eu acabei dormindo e quando eu acordei já estavam servindo o café da manhã.

O comissário passou oferencendo 'Scranbled Eggs' e 'Free Tata'. Como ovos mexidos não é lá essas coisas em sofisticação e como eu não sou nada besta, quis experimentar essa 'Tata' que estavam dando de graça. Virei para o comissário e lasquei meu inglês num sotaque bem 'cheddar méc méuri': - I want a Ta-ta! - Excuse me sir? - I want the Tata you're giving for free. Ele ficou meio confuso e me deu a bendita Tata. Enquanto eu comia ouvi o pessoal atrás comentando que estavam servindo ovos mexidos e fritada. :P Haha, deixa pra lá, continuei comendo minha Tata.

Desci em Toronto umas 5:30 da manhã, segui o fluxo do pessoal, cai na sala de aduana, escolhi um guichê, apresentei meu passaporte e a ficha de aduana que eles pedem para preencher ainda no avião. Preferi usar o inglês em Toronto pra não deixar escapar nenhuma informação, poderia praticar francês em outra ocasião. O agente fez algumas perguntas rápidas, perguntou se eu tinha o formulário de confirmação de residencia permanente, ia tirando da pasta quando ele disse que não precisava pois a pasta era transparente e dava pra ele ver, ele fechou a cara e perguntou se eu tinha destacado as bordas picotadas, respondi que não, que tinha dobrado para trás para caber na pasta. Ele sorriu e me mandou para a sala de imigração.

A sala de imigração estava quase vazia, eu era o segundo da fila. Logo fui chamado, o agente fez algumas perguntas para confirmar as informações no meu dossiê, perguntou quanto de dinheiro eu tinha em mãos, assinou minha confirmação de residência permanente, me deu algumas informações e um kit boas vindas. Já eram umas 7 horas e o voo para Montréal saía às 8. Desci, peguei minha mala e segui as placas indicando conexão, cheguei numa sala, a moça pediu meu cartão de embarque e pediu para que eu colocasse a minha mala na esteira 2. Coloquei minha mala na esteira e como ela estava desligada fiquei esperando que ligassem para ter certeza que a mala ia mesmo embarcar. Subi para a sala de embarque, eram umas 7:20, como tinha um tempinho parei no telefone público para ligar pra casa e avisar que estava tudo bem. Usei o meu cartão de crédito para fazer a ligação, foi super fácil, ouvia meus pais como se eles estivessem pertinho, e nessa hora o coração apertou, era um misto de alegria, com alívio, com saudade, mas essa ligação serviu para recuperar as energias para o próximo voo.

Embarcamos umas 7:40, sentei no corredor, numa fileira com saída de emergência. Achei que a poltrona do meu lado ia vazia pois já eram quase 8 horas e ninguem tinha aparecido. Logo logo chegou uma senhora com uma mala enorme causando rebuliço no avião e o lugar dela era justamente o que estava vazio, bem do lado da saída de emergência. A aeromoça pegou a mala da senhora e ia levando para outro lugar, a senhora segurava a malona com força e dizia 'mi cartera! mi cartera!', daí eu falei para a aeromoça 'she wants her wallet'. A senhora virou pra mim e disse 'gracias, ablas español?' e eu 'non, yo ablo portuñol'. O voo já estava atrasado, a aeromoça voltou e disse que alguém que falasse inglês tinha que sentar do lado da saída de emergência daí eu troquei do lugar com a senhora e finalmente decolamos.

O voo foi rapidinho, estavam dando uns biscoitos bons, e a tiazinha do lado me deu o dela, depois os amigos dela não quiseram daí ela passou pra mim. Desci do avião com a barriga cheia direto para o saguão do aeroporto. Segui a placa imigração para me informar sobre os documentos que eu precisava tirar, e etc mas o oficial que estava atendendo me informou que eles eram só responsáveis pela segurança e pediu para que eu procurasse o ministério de imigração no centro de Montréal na segunda-feira. Saí de lá e procurei algum balcão de informações, algum mapa, e nada. Comecei a ficar desesperado. Precisava desesperadamente descobrir onde que ficava o ponto de ônibus. Avistei uns mochileiros encostados num balcão, fui até lá, mas não tinha ninguém atendendo e eles estavam na mesma situação que eu. Fiquei enrolando um pouco pois lá fora estava chovendo e eu estava com medo, não me pergunte do que, acho que estava esperando cair a ficha, fiquei tentado em pegar um taxi, tentei usar a chuva como desculpa para isso, mas eu fui forte, aquela já era hora de meter as caras e aprender como funciona o transporte público em Montréal. Fui na parte externa do aeroporto umas três vezes e voltava pra dentro com frio, numa dessas vezes avistei uma placa de ponto de ônibus do outro lado da rua e comecei a ficar animado.



Lembrei que tinha que trocar o dinheiro para pagar o busão. Fui no Subway pois já conhecia mais ou menos o esquema, o cara perguntou que carne que eu queria no sanduiche, daí eu perguntei o que eles tinham, daí ele disse 'nós temos todas', fique com raiva pois esperava que ele falasse as opções para facilitar a minha escolha, deu vontade de falar que queria carne de jegue, mas não lembrei como era 'jegue' em francês. Eu vi frango daí eu falei 'poule', e ele 'poulÊ?', e eu 'oui, oui, oui c'est ça'. Na hora de pagar ele não me deu os trocados que eu queria, descobri isso depois de uns 10 minutos analisando as moedas, tentando descobrir quanto cada uma valia, eu só pensava 'por que diachos eles não colocam um numero bem grandão na moeda?', depois desse primeiro contato com as moedas eu voltei e falei que precisava de mais trocado para o busão, ele me deu, terminei de comer meu sanduiche-iche e fui para o ponto de ônibus.

De Montreal - Primeira Semana

Peguei a linha 204, a motorista foi bem simpática, me explicou como que funcionava a catraca que na verdade não é uma catraca pois a entrada do ônibus é toda aberta (aqui não fazer sentido pular a catraca, talvez passar sem pagar). Fui colocando as moedas e quando completou 2.75 a "catraca" cuspiu um ticket de conexão, daí ela me explicou que eu poderia usar esse ticket por duas horas para pegar quantos ônibus/metros eu quisesse.


Desci na estação Dorval e peguei a linha 211 para o centro de Montréal, desci na estação Lionel-Groux e peguei o metro para Snowdon e depois outro para Côte-des-Neiges. Encontrei a rua rapidinho pois ela estava justamente no sentido que eu tomei quando saí da estação. Quando cheguei em casa Juan David me recebeu e meu deu as chaves, a gente conversou um pouquinho, ele é colombiano e está estudando inglês aqui em Montréal. Na casa ainda moram a Lara (de quem estou alugando o quarto pois ela vai fazer um estágio na França no verão), uma menina da Mauritânia que quase nunca está em casa e um canadense que já foi pra casa, então no apartamento vai ficar só eu e o Juan David.



À tarde fui fazer o reconhecimento do território, a Côte-de-Neiges é a avenida principal do bairro, e tem um monte de supermercados, bancos, restaurantes, hospitais, escolas, igreja francófona, igreja anglófona etc etc. Eu fiz minha primeira compra num supermercado chamado Metro. Comprei comida congelada, croissant, manteiga, suco de laranja, shampoo, sabonete (ahhh o Dove aqui é bem diferente, o cheiro não é muito bom) e pasta de dente.

Quando fui almoçar já eram umas 2 da tarde. Estava tranquilo na cozinha quando Lara chegou com a mãe dela, que está visitando Montréal pela primeira vez. Quando a mãe dela chegou na cozinha tomou um susto, daí eu me apresentei e comecei a falar em inglês com ela, notei que ela não estava entendendo, ela ficava rindo e ficava fazendo sinal chamando Lara e apontando para mim. Daí ela chegou e começamos a conversar. Depois do almoço descansei um pouquinho e umas 15 pras 5 desci para a missa, fui na igreja com missas em francês (Notre-Dame-des-Neiges). A igreja era enorme, estava praticamente vazia e a maioria eram idosos. A celebração foi muito legal, com órgão de tubo, liturgia impecável, fui acompanhando no livretinho e filmando tudo. O engraçado foi na hora da oferta, eu não tinha levado nada e a senhora que passou com a cestinha ficou do meu lado insistindo para que eu desse alguma coisa, daí eu tive que dizer que não tinha nada, haha eu fiquei constrangido nessa hora. Quando forem para alguma missa no Canada por favor levem algumas moedinhas. Na saída eu fui andando com a câmera ligada e uma velhinha muito simpática puxou conversa, perguntou se não tinha perigo de cair enquanto estava filmando, daí disse que não, que estava prestando atenção, ela sorriu e continuou sua caminhada com calma.



Voltei para casa achando que o dia já tinha rendido muito quando Lara aparece na porta do quarto dizendo que estava indo com a mãe no antigo porto e na velha Montréal e me pergunta se eu não queria ir também. Eu nem acreditei e já fui aceitando logo, já eram umas 8 da noite. Vesti uma jaqueta e fomos para o metrô. A mãe dela é muito legal, vivia rindo e balançando a cabeça fazendo sinal de positivo. Ela pedia para Lara me perguntar alguma coisa sobre o Brasil, daí Lara falava para ela mesma perguntar e Lara ia ajudando ela formular a frase. A gente desceu na estação Place d'Armes. No antigo porto comprei uns cartões postais. A noite estava massa e as luzes da velha Montréal... não tem como descrever. No porto tinha um barco tocando putz-putz, piscando umas luzes e uma gritaria rolando solta. A gente ouviu alguns sons vindo do Cirque du Soleil, que fica do lado do porto, eles podiam estar ensaiando ou se apresentando. Subimos o boulevard Saint-Laurent e entramos na rue Saint-Paul que estava cheia de turistas, entramos em algumas lojinhas, e caímos na praça Jacques-Cartier. Na praça tinham uns chicanos tocando, artistas fazendo caricaturas, vendedores. Subimos mais um pouco até a prefeitura, depois passamos por uma fonte e logo à frente, próximo à autoroute Ville-Marie, tive uma das visões mais lindas da minha vida, os prédios do centro de Montréal iluminados. Tinha um com estilo chinês, lindimais, lindimais. Entramos na estação Champ-de-Mars e voltamos para casa pois a mãe de Lara precisava arrumar as malas (ela viaja amanhã para Edmonton para a festa de graduação do filho). Elas ainda andaram um pouco na Côte-des-Neiges pra comprar alguma coisa pra comer mas eu vim direto para casa pra tomar um banho e colocar a comida congelada no micro-ondas. Jantamos juntos, ela me deixou experimentar uma comida libanesa que ela comprou.