segunda-feira, 1 de junho de 2009

Terceiro dia

Hoje saí cedo de casa e como meus lábios estavam rachando resolvi passar na Dollarthèque pra ver se conseguia encontrar algo similar a manteiga de cacau. Perguntei pra moça do caixa em francês, inglês e mimiquês: "je cherche ce qu'en anglais on apelle lips moisturizer". Ela não entendeu então eu fiz a mímica e partindo do suposto que eu não sou drag queen nem travesti ela entendeu o que eu quis dizer. Li na embalagem que a parada chama "baume pour les lèvres". Vocabulário novo aprendido. Como ia andar bastante no centro, entrei na Pharmaprix pra comprar um mapa de Montreal.

Peguei o metrô e desci na estação Place-des-Arts. Assim que saí olhei para o lado e vi um prédio com uma bandeira do Québec. Fui até lá, vi que se tratava do prédio do ministério de imigração e fui direto no quarto andar como dizia no guia de boas vindas. Cheguei no guichê, expliquei que tinha chegado no sábado em Toronto e que precisava de informações gerais sobre documentos e os próximos passos. O cara olhou pra mim e disse: "vous êtes brésilien, n'est-ce pas?", disse que sim, ele sorriu e me deu uma senha. Enquanto estava aguardando comecei a procurar alguma coisa em mim que denunciasse minha nacionalidade, não consegui achar nada, não estava de havaianas, nem com a camisa da seleção, nem cheguei fazendo baderna, acabei por concluir que foi a minha cara que me denunciou.

O painél me chamou, o rapaz que me atendeu perguntou se eu já tinha mudado definitivamente para Montreal ou se ainda voltava para o Brasil. Eu disse que estava mudando em definitivo, então ele entrou com algumas informações no computador, provavelmente confirmando o meu estabelecimento na cidade e me deu um novo número de dossiê. Em seguida ele me deu os endereços e disse quais documentos eu precisava para tirar o número de seguro social e a carteirinha de saúde. Ele marcou para amanhã às 8:30 uma entrevista com uma agente de acolhimento que vai me passar mais informações. Ele também me deu um formulário para solicitação do curso de francês (que só vai começar em agosto) e disse que eu poderia trazer amanhã e entregar para agente de acolhimento.

Saí do prédio do ministério e fui direto atrás do prédio da Régie de l'assurance maladie que ficava numa rua transversal, boulevard Maisonneuve. Avistei a bandeirinha e fui direto lá. Cheguei no terceiro andar e entrei logo na fila de triagem, olhei para o cara na minha frente e vi que ele tinha cara de brasileiro, pois é, dá pra ver pela cara mesmo. Esperei mais um pouco tentando identificar algum outro sinal então vi o passaporte dele dentro de uma pasta transparente, então fui falando logo "cê é brasileiro, né?" A gente trocou cumprimentos e ficamos conversando enquanto esperávamos a senha no painel. Ele foi chamado primeiro, e eu logo depois. Assim que cheguei o atendente perguntou se eu queria ser atendido em inglês ou francês. Pedi francês contanto que eles falasse devagar, e brinquei falando da impressão/choque que eu tive com o francês falado nas ruas por aqui. Ele concordou e seguiu com algumas perguntas. No final das contas ficou faltando um comprovante de endereço, que poderia ser o contrato de aluguei que eu supostamente teria assinado. Respondi que estava sublocando um quarto por dois meses e que não tinha um contrato. Ele então me deu outras opções incluindo uma declaração da dona da casa, de que eu realmente moro no endereço que eu forneci, assinada na frente de um "commissaire à l'assermentation", então vou ter que correr atrás disso nos próximos dias, mas me deram 45 dias pra resolver esse pendência e mandar por fax. Voltei para a fila, agora para tirar a foto, e o Rodrigo estava lá também esperando, como já passava do meio dia combinamos de almoçar em algum lugar por perto. Fui chamado para a foto e tive que pagar oito doletas. Fiquei tentado em perguntar se a 3x4 que eu tirei recentemente no Brasil não valia, mas como a foto era algo oficial e todo mundo estava tirando então nem perguntei.

Assim que deixamos o prédio fomos andando pela Saint-Catherine, passamos na frente de alguns restaurantes mas ficamos em dúvida se tinha que dar tip ou não, ouvi falar que aqui no Canadá é 15%, fora isso tem a TPS e a TVQ, ixi, deixa pra lá. Encontramos uma lanchonete tipo Subway, chamada Quiznos Sub.


Escolhi um sanduiche, o carinha que estava atendendo perguntou alguma coisa que eu não entendi, daí percebi que ele tava querendo que eu escolhesse o pão, vi que ele estava apontando pra um pão aí eu falei "oui, oui, oui c'est bon cella", nem fazia idéia do que era, depois ele perguntou outra coisa, também não entendi, ele repetiu umas três vezes, daí a colega dele interviu e perguntou em inglês "here or to go?", eu disse que era pra comer aqui, daí pra frente foi tudo em inglês mesmo, ufa. Pedir o combo com refri e cookie é bom, foi o que eu fiz. Tinha honey mustard de grátis então me entupi de mostarda e se eu tivesse um tapoézinho comigo ainda levava pra casa. Tudo deu $ 8.98, mais TPS e TVQ $ 1.16, totalizando $10.14. Não vamos converter pois como dizem os guias de turismo e ateus de plantão: "quem converte não se diverte".

Depois do almoço fomos andando pelo boulevard Maisonneuve, o Rodrigo já tinha tirado o NAS, mas ele me acompanhou até o prédio do Services Canada. Aqui foi rapidinho, algumas perguntas e eu já saí com o meu número, vapt e vupt, sem foto, sem pagar nada. Entramos na estação Berri-UQAM, ele desceu em Vendôme e eu fui até Snowdon e depois CDN.

Quando cheguei em CDN lembrei que tinha que acordar cedo amanhã, então fui numa loja tipo Dollarama pra ver se conseguia comprar um despertador e também estava precisando de cabides (não foi na mesma que eu fui hoje cedo, foi outra). Na hora faltou vocabulário pra cabide então eu perguntei pra moça em inglês mesmo, e ela não falava nada em inglês, daí eu fui fazendo mímica e tentando explicar em francês, daí ela captou minha mensagem e falou "ahh, cintres!". Vocabulário novo aprendido. Fui vendo o preço dos despertadores, só tinha caro, digital, com termômetro, acabei por comprar um de $ 7 pois as lojas já estavam fechando e eu não queria chegar atrasado e passar uma impressão ruim para a agente de imigração amanhã.

Hoje a noite Lara e Juan David estavam por aqui. Conversamos bastante sobre um monte de coisas, sobre Montreal, sobre línguas, similaridades entre o espanhou e o português. Lara falou que o indonésio era parecido com o malaio também, tanto que um indonésio consegue entender malaio e o contrário só se o indonésio falar devagar.

Aproveitei para perguntar sobre bancos e telefones celulares. Lara recomendou o RBC, disse que o pessoal da agência é bem amigável. Pelas minhas pesquisas na internet eu já estava inclinado a abrir uma conta no RBC, então amanhã vou dar uma passadinha lá. Quanto ao telefone acho que eu vou pegar um Fido, achei os preços melhores e os planos simples de entender, a página deles é enxuta também. As páginas da Tellus, Rogers, Bell são bem confusas, não consegui encontrar o que eu estava querendo saber. Andei pesquisando em fóruns, no passado o pessoal dizia que a cobertura do Fido era bem restrita, nas mensagens mais recentes eu vi que a Rogers adiquiriu a Fido, então a Fido passou a usar a rede de cobertura da Rogers (que é muito boa). E como eu não vou pro mato, não preciso muito de cobertura, só de um número com caixa de mensagem de voz pra começar a procurar emprego.

Um comentário:

  1. Pelo visto a expressão "pra comer aqui ou pra levar" é a mais dificil de se entender. Ja ouvi varios casos de gente nos EUA que nao entendiam o que o cara queria dizer com "toriatchugô" e eu também levei muito tempo para entender na frança o que eles queriam dizer.
    Celular nao se esqueça, tem q comprar nokia, qq modelo com excessão aos mais caros. Vê se nao tem um igual ao meu o E51. Tirando nokia, só se o Iphone tiver barato por ai

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